quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Paixão Nacional

Para quebrar o clima pesado do post da estreia, segue o texto que me levou a ideia de criar blog. Divirtam-se:



Hoje pude comprovar aquela velha história de que os brasileiros são apaixonados por bumbuns...
Almoço todos os dias sozinha em um restaurante beira-de-estrada. Não falo beira-de-estrada no sentido pejorativo da expressão, pois o restaurante é muito bom, tem uma ótima variedade de saladas, massas e churrasco. Uso essa expressão devido à localização do mesmo, que fica na beira da estrada. Assim, 95% dos clientes são homens entre 30 e 55 anos que trabalham na região ou que estão transitando pela estrada.
Dito isso para contextualizar, senta que lá vem a minha história...
Estava eu, hoje, almoçando sozinha num restaurante beira-de-estrada, quando entra uma mulata daquelas bem brasileiras, com um bundão daqueles, bem brasileiro, calça de cós baixo beeeem justa e uma blusa tomara-que-caia que poderia disputar com a calça uma competição para saber qual estava mais apertada.
A moça se dirigiu diretamente ao caixa, pois só queria comprar um picolé, ou seja, ficou de costas para todos os telespectadores. Para o azar (ou sorte) da morena, nesse momento passava horário eleitoral gratuito nas enormes TVs do local, o que significa que meus colegas de almoço não estavam entretidos com os lances do “jogaço” do Galo de ontem pela Copa Sulamericana.
Fui observando homem a homem, mesa a mesa, e qual não foi o meu espanto quando constatei que todos, TODOS os homens do restaurante (e olha que não eram poucos, o restaurante estava lotado) estavam de olho na buzanfa da mulata. Chegou a ser cômico quando reparei que alguns cutucavam os colegas da mesma mesa, que estavam de costas devido à posição das cadeiras, para que não perdessem aquele acontecimento. Outros que estavam atrás dela na fila para pagar (imaginem a situação!), depois de darem aquela encarada no objeto de desejo, simplesmente saíram da fila e foram para um ponto mais distante para poderem observar melhor toda a maravilha daquela poupança. O local estava sob um silêncio estonteante, ninguém falava, ninguém comia; era como se o tempo tivesse parado para que eles pudessem se deliciar com aquele momento maravilhoso.
A moça adquiriu seu picolé com sucesso e foi embora feliz da vida rebolando com seu “troféu” pendurado, enquanto os olhos do pessoal a seguiam, até que ela desaparecesse.
Eu estava até me divertindo com a situação, até perceber que eu estava acabando de almoçar e que estava chegando a minha vez de levantar e ir para o caixa pagar. Ou seja, eu estaria no mesmo alvo que a mulata estava até instantes atrás. Fiquei mais tranquila ao lembrar que estou bem distante do tipo “mulata brasileira” e também que minhas roupas são bem mais discretas que da moça do picolé: calça jeans mais alta, muito menos justa e uma comportada camisa de uniforme com mangas. Mas, em contrapartida, papai-do-céu foi bem generoso com o tamanho do meu bumbum, e isso me deixou com medo de me tornar o novo alvo.
Esperei a poeira deixada pela outra moça baixar e os homens retomarem suas conversas e seus talheres. Como eu não tinha o que fazer, tomei coragem, levantei e fui andando discretamente para o caixa, fazendo de tudo para passar despercebida frente aquela quantidade de olhos loucos pela próxima vítima.
Mas foi aí que eu percebi que Deus sabe muito bem o que faz: Ele colocou nossos olhos na direção totalmente oposta á “paixão nacional”, de forma que nosso campo de visão não alcance os olhares mais indiscretos dos rapazes. Assim, amanhã, eu e meu companheiro de trás, estaremos novamente no tal restaurante beira-de-estrada, sem nunca ter que encarar essa situação de frente...

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